Por: Jesus Filho / Fotos: ISF, Givaldo Batista e Alexandra Alves
Brasília – 13 de abril de 2019. Há exatamente um ano os alunos do Colégio Amorim (SP) levantavam a taça de campeões do mundo em meio à primavera gelada da cidade de Belgrado, na Sérvia, depois de vencerem a Eslováquia por 3 a 0. Mas antes de contar a trajetória da equipe até a decisão do Mundial ISF de Futebol é preciso relembrar a história da conquista que pois fim a um tabu que agora faz parte do passado.
Carimbar o passaporte para um torneio internacional não é uma tarefa fácil. Mas quem quer ter a chance de viver essa experiência precisa estar preparado para enfrentar os desafios que encontra pela frente. E foi bem isso que o time do Amorim fez durante sua participação no Brasileiro Escolar de Futebol. Realizado em 2019, na cidade de Aracaju, em Sergipe, o evento reuniu atletas escolares de todo país que viram a forte equipe paulista vencer o Paraná por 4 a 0 na decisão, iniciando ali uma campanha que meses depois entraria para a história.
Com uma proposta de jogo que explorava as laterais e tinha um ataque eficaz, a equipe do técnico Vinicius de Morais brilhava a cada confronto. Por isso, era o time a ser batido no brasileiro. “A classificação para o mundial foi difícil em razão do nível técnico que encontramos na seletiva nacional. Mas a equipe estava focada e taticamente conseguimos encaixar o que era proposto entre a comissão técnica e o grupo. Graças a isso e ao talento individual dos nossos meninos conquistamos o título e a classificação para o mundial”, revela o treinador.
Depois de uma discreta participação no último mundial realizado em Praga, na República Tcheca, Morais sabia que sua equipe, mesmo que renovada, poderia fazer diferente em Belgrado. Mas para que isso ocorresse, um dos desafios era o de iniciar bem a competição para que o time aos poucos pudesse sentir o peso de vestir a camisa do Brasil. “A experiência do último mundial foi decisiva para que pudéssemos chegar à Sérvia com uma nova postura tática. O empate na estreia contra o Líbano acordou o time que acabou crescendo ao longo do torneio. A fase classificatória serviu para que pudéssemos sentir o que viria pela frente”, relembra.
O tropeço na estreia não apagou o brilho dos brasileiros que conquistaram a vaga para as quartas de final depois de passarem pela fase classificatória. Mas o que não se imaginava era que o time teria que enfrentar os então ‘campeões do mundo’ tão cedo, fator que não intimidou o capitão Matheus Araújo. “A equipe do Catar jogou um futebol bonito e organizado. Ouvi muitas pessoas dizerem que aquele jogo foi a final antecipada pela campanha que os dois países fizeram no torneio. Foi tenso do início ao fim. O goleiro deles fazia defesas ajustadas, mas o nosso também. Mas dessa vez não deu para o Catar e nós vencemos por 1 a 0 com um golaço do Riquelme”, contou o capitão.
Com a classificação assegurada para a semifinal, o próximo desafio era o de enfrentar a Áustria. Com um futebol que em nada foge aos padrões da Europa, a equipe foi para cima do Brasil do início ao fim da partida, como relembra o lateral-esquedo, Murilo Santiago. “Nossa equipe entrou em campo focada com o objetivo de assegurar a vaga para a decisão. A Áustria começou o jogo com o time todo na frente e nós soubemos aproveitar bem isso. Tanto que o gol da vitória saiu logo no início do primeiro tempo, justamente dos pés do Matheus. Segurar o resultado foi difícil. Mas conseguimos a vitória e a classificação para a decisão”, revelou.
A vitória por 1 a 0 contra a Áustria depois de mandarem o Catar de volta para casa encheu de moral a equipe que foi para a decisão contra a Eslováquia apontada como favorita ao título. Trabalhar a ansiedade e a cabeça do time era um dos desafios que Vinícius de Morais precisava enfrentar. “Com certeza foi uma noite de pouco sono e muita ansiedade. Estávamos em uma final inédita. O time já tinha feito história, mas sabíamos que poderíamos mais. Nós queríamos mais. O jogo começou com alguns erros, o que é normal até que a ansiedade fosse controlada. A Eslováquia vinha com tudo e nós avaliávamos de que maneira conseguiríamos furar o bloqueio da zaga deles, pois eram atletas mais altos e fisicamente bem preparados”, relembra.
Com um gol de Murilo e dois de Marquinhos, o Brasil venceu a Eslováquia por 3 a 0 e levou o título Mundial ISF de Futebol fazendo uma geração que trará muitas alegrias para o esporte nacional entrar para a história. E essa data não poderia passar em branco, tendo em vista a importância da conquista que até hoje emociona Antônio Hora Filho, presidente da CBDE.
– Foi teste pra cardíaco do início ao fim. Somos o país do futebol e faltava esse título em nossa galeria. Como ex-árbitro da modalidade, sentia essa vontade de gritar ‘É CAMPEÃO’ há muito tempo. E graças a esse time de guerreiros pude soltar a voz ao lado de milhares de pessoas que torceram pelo nosso futebol no mundial. Aproveito mais uma vez para parabenizar a equipe do Colégio Amorim e espero que nos próximos torneios os nossos estudantes possam continuar conquistando posições de destaques com o nosso futebol.
Ascom – Confederação Brasileira do Desporto Escolar